Estima-se que a participação do agronegócio no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pode ultrapassar 30% em 2021. Mais precisamente, a expectativa é de que o PIB total seja de R$8,4 trilhões, enquanto o da agricultura, R$2,52 trilhões.
Nesse contexto, integrado ao conceito de transformação digital e uso de tecnologias disruptivas no campo, a discussão sobre conectividade se faz cada vez mais importante para que estes números continuem a crescer.
Ainda há muito o que se fazer, pois, segundo o Ministério da Agricultura, hoje apenas 23% da área rural tem algum tipo de cobertura de internet, peça-chave para a utilização dos mais diversos recursos tecnológicos.
Pensando em trazer um panorama do setor, tendências e como colocá-las em prática é que desenvolvemos este conteúdo. Confira e saiba mais sobre o assunto.
As tendências da agricultura: como a tecnologia irá fomentar a inovação
A tecnologia na agricultura é o pilar necessário para viabilizar, apoiar e acomodar todas as outras tendências que estão ocorrendo no Brasil. Porém, para atingir o potencial máximo das inovações, a conectividade é necessária, pois mais de 50% delas dependem da conectividade, na mesma medida em que este é um ponto de bloqueio para o crescimento.
Podemos ver a camada de conectividade como uma “cola” que mantém todas as peças juntas, desde os dispositivos e sensores de IoT até a plataforma de nuvem e data centers, onde todos os dados serão transformados em informações e, em seguida, insights para o produtor usar como suporte as decisões de negócio ou em sistemas automáticos.
Neste cenário, é importante analisar algumas das tendências econômicas e ambientais a serem vistas na agricultura, de modo a criar uma conexão entre elas e o potencial da tecnologia. São elas:
Protagonismo do consumidor
O avanço acelerado dos recursos tecnológicos e de comunicação, aliado ao crescimento das plataformas digitais e mídias sociais, vem mudando drasticamente a relação dos consumidores com empresas de todos os setores, incluindo a agricultura. Hoje eles possuem voz ativa no sentido de avaliarem produtos e marcas, influenciando diretamente a decisão de compra de terceiros. Isto modifica não somente a qualidade da produção, mas também traz novos desafios a serem superados no sentido de oferecer uma boa experiência;
Mudanças sociais, econômicas e espaciais na agricultura
O ambiente rural do Brasil passou por significativos movimentos migratórios nos últimos anos, não somente envolvendo pessoas, mas também capital. Para ficar mais claro, os agricultores migraram com recursos para a prática da denominada agricultura moderna e compra de terras, com objetivos econômicos e financeiros;
Sustentabilidade e intensificação dos sistemas de produção agrícola
O crescimento da população e a elevação da renda, tanto no presente quanto no futuro, fará com que seja necessário aumentar a produção de alimentos e outros produtos advindos da agricultura. Em contrapartida, a necessidade de preservação ambiental, a falta de mão de obra no campo e a elevação nos preços das terras exigem um processo sustentável por parte do agronegócio;
Riscos na agricultura
Como se sabe, a agricultura depende diretamente dos recursos naturais e de processos biológicos. Na prática, isso envolve o clima, por exemplo, que influi num solo fértil e na produção. Ou seja, é uma atividade de risco. Por se caracterizar pelo uso intensivo de capital, o prejuízo pode ser incalculável no caso de secas, geadas, baixa de preços ou quebras de safras. Por isso, uma tendência é o questionamento sobre o que produzir, como produzir e para quem produzir;
Integração de maior valor nas cadeias produtivas agrícolas
A agricultura vem gerando valor de várias formas, como o investimento em indústrias como química e farmacêutica, por exemplo. Enquanto a nanotecnologia possibilita processos de conservação, rastreabilidade, qualidade e certificação, as biotecnologias possibilitam a geração de novos produtos;
Mudanças climáticas
Com a elevação dos gases de efeito estufa, a temperatura na Terra vem subindo. O setor de agronegócio está no centro desta questão, pois é uma atividade que emite estes gases, contribuindo para o aquecimento global, ao mesmo tempo que é influenciada diretamente pelo clima. Isto traz a demanda por uma agricultura de baixo carbono e desenvolvimento de tecnologias para minimizar os efeitos negativos do clima nos cultivos.
Redes privadas e agricultura: o próximo passo para conectividade
Para que a tecnologia na agricultura tenha a máxima performance, conectividade é uma peça chave. Nesse sentido, as redes privadas são o próximo passo para o setor. Um estudo recente do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) apontou que aproximadamente apenas 23% das propriedades têm algum tipo de conectividade, o que quer dizer conectividade legada como 2G.
O governo criou o panorama para ampliar e desenvolver esse setor:
– Para cobrir 50% da área rural brasileira: +4.400 antenas (significa +47 bilhões de reais adicionais)
– Para cobrir 90% da área rural brasileira: +15.000 antenas (significa +101 bilhões de reais adicionais).
Na imagem abaixo é possível observar como se parece uma infraestrutura conectada na agricultura, contendo soluções e camadas:
O que é preciso para desenvolver a infraestrutura para tecnologia na agricultura
A implementação de tecnologia no agronegócio requer a integração entre infraestrutura e eletrônicos, a qual deve ser pensada de forma estratégica pelo governo e iniciativa privada. Ela é composta por:
– Infraestrutura: torres, energia, solar e abrigo;
– Eletrônicos: antenas, unidade de rádio e backhaul.
Diferença entre rede privada e pública
A conectividade pode ser classificada com redes públicas e privadas. Enquanto no primeiro caso as prioridades são definidas pelas operadoras ou metas estabelecidas pelo governo, no segundo a rede é propriedade de uma organização, a qual pode definir suas prioridades de implantação e a melhor tecnologia a ser empregada.
Recentemente, redes celulares privadas que usam 4G Long Term Evolution (LTE) e tecnologias 5G, começaram a ser implantadas por muitas empresas. Como essas usam tecnologias celulares e são compatíveis com redes celulares públicas, elas oferecem às organizações muitas das funcionalidades, segurança e outros recursos de que precisam para aplicativos IoT mais avançados. Além disso, os custos de gerenciamento de longo prazo para essas redes costumam ser menores do que para outras tecnologias sem fio.
Redes privadas LTE e 5G são redes que usam espectro sem fio licenciado, pela empresa privada que irá utilizar o espectro para transmitir voz e dados para dispositivos de ponta, incluindo smartphones, módulos incorporados, roteadores e gateways.
Com as redes privadas LTE e 5G, as organizações possuem o espectro sem fio que usa para a rede, bem como as estações base de rede e outras infraestruturas. Isso fornece controle total sobre a rede e permite isolar completamente seus usuários de outras redes públicas.
No entanto, existem outros tipos de redes privadas. Com as redes privadas compartilhadas e híbridas LTE e 5G privadas, partes da rede são de propriedade, compartilhadas ou operadas pelo MNO ou outra organização.
Fonte: NEC Blog